Dois estilos, uma paixão: FPS com elementos de RPG

Esse post contém a análise de como a união entre FPS e RPG está moldando o mercado de games, destacando títulos como Cyberpunk 2077 com seu combate tático e imersão narrativa sem precedentes.

O cruzamento entre ação em primeira pessoa e progressão de personagem tem conquistado cada vez mais espaço no mercado de games, a união entre a adrenalina dos FPS e a profundidade narrativa e mecânica dos RPG representa uma resposta direta ao apetite do público por experiências imersivas e personalizáveis.

Essa convergência de estilos deu origem a uma categoria híbrida, onde reflexos rápidos e desenvolvimento estratégico coexistem. Jogos como Destiny 2, Borderlands 3 e Cyberpunk 2077 são exemplos claros dessa tendência. Cada um deles oferece combate em tempo real com armas de fogo, mas adiciona camadas de evolução de personagem, personalização e escolhas narrativas, características centrais dos RPGs.

A seguir, destacamos os principais títulos que ilustram esse casamento entre gêneros, analisando suas características, impacto entre os jogadores e posição no mercado.

Destiny 2: combate cooperativo com profundidade narrativa

Lançado pela Bungie, Destiny 2 consolidou um modelo de FPS com progressão contínua. Com atualizações regulares e uma comunidade ativa, o título se apoia em mecânicas de tiro em tempo real, mas integra elementos típicos de RPG, como subclasses, habilidades específicas e um sistema de loot baseado em raridade.

O enredo se desdobra em um universo de ficção científica, onde o jogador assume o papel de um Guardião, encarregado de proteger os últimos vestígios da humanidade. As missões variam entre campanhas solo e raids cooperativas, incentivando a progressão em grupo.

As escolhas do jogador impactam a forma como a história se desenrola e como o personagem evolui. Itens e armaduras moldam não apenas o visual, mas também a performance em combate, estimulando decisões táticas e planejamento a longo prazo. A integração entre história, jogabilidade e personalização torna Destiny 2 um dos principais expoentes da junção entre FPS e RPG.

Dois estilos, uma paixão: FPS com elementos de RPG
Bungie

Borderlands 3: loot, humor e estilo gráfico próprio

A série Borderlands, desenvolvida pela Gearbox Software, popularizou o termo “looter shooter”, uma subcategoria do FPS com forte inspiração nos RPGs. Em Borderlands 3, lançado em 2019, os jogadores enfrentam hordas de inimigos em um universo pós-apocalíptico marcado por armas absurdas e personagens caricatos.

Cada herói jogável possui uma árvore de habilidades distinta, permitindo diferentes estilos de jogo. A variedade de armamentos — gerados proceduralmente — adiciona um elemento de surpresa constante. O sistema de progressão incentiva o retorno constante ao jogo, com recompensas baseadas em desempenho e exploração.

Apesar do tom humorístico e das cores vibrantes, Borderlands 3 oferece desafios complexos e um sistema de construção de personagem que exige atenção estratégica. O jogo mantém o ritmo frenético do FPS, mas exige escolhas cuidadosas sobre como investir pontos de habilidade e qual tipo de equipamento utilizar, dois aspectos fundamentais dos RPGs.

Dois estilos, uma paixão: FPS com elementos de RPG
Gearbox Software

Cyberpunk 2077: imersão narrativa e combate tático

Diferentemente dos exemplos anteriores, Cyberpunk 2077 foi desenvolvido originalmente como um RPG em mundo aberto, mas adotou a perspectiva em primeira pessoa para intensificar a imersão. Lançado pela CD Projekt Red, o jogo permite ao jogador assumir o controle de V, mercenário em uma cidade futurista dominada por corporações.

As mecânicas de combate misturam tiroteios intensos com hacking, furtividade e uso de implantes cibernéticos. A construção do personagem é profunda, com múltiplas árvores de habilidades, escolhas narrativas ramificadas e sistemas de crafting (criação de itens). A evolução é influenciada pelo estilo de jogo do usuário, seja ele agressivo, estratégico ou silencioso.

Apesar de um lançamento conturbado, com críticas técnicas, Cyberpunk 2077 foi amplamente reformulado em atualizações posteriores, que ampliaram suas mecânicas de RPG e refinaram o sistema de combate. Com isso, o título consolidou seu espaço como um dos exemplos mais ambiciosos da fusão entre FPS e RPG, destacando-se pela narrativa densa e visual cinematográfico.

Dois estilos, uma paixão: FPS com elementos de RPG
CD Projekt Red

A fusão de gêneros e a resposta do mercado

A crescente popularidade dos jogos que combinam FPS com elementos de RPG reflete uma mudança no comportamento dos jogadores. Eles buscam mais do que apenas reflexos rápidos: querem progresso mensurável, construção de identidade dentro do jogo e histórias que justifiquem suas ações no campo de batalha.

Esses títulos também se destacam pelo tempo de retenção. A presença de conteúdo expansível e a promessa constante de evolução mantêm os jogadores engajados por longos períodos. O formato híbrido atende tanto ao público competitivo quanto ao narrativo, ampliando o alcance desses lançamentos.

Do ponto de vista comercial, esse modelo impulsiona microtransações baseadas em personalização e expansões narrativas. Empresas como Bungie e CD Projekt Red capitalizam esse formato com atualizações frequentes, mantendo seus produtos relevantes mesmo anos após o lançamento.

Perspectivas para o futuro

Com a chegada de novas tecnologias gráficas e inteligência artificial mais avançada, a tendência é que os limites entre gêneros se tornem ainda mais tênues. Estúdios vêm apostando em mundos abertos, reativos às ações do jogador, e em sistemas de progressão mais orgânicos.

Projetos como The Finals, que mistura combate rápido com interações dinâmicas no cenário, e Stalker 2, que promete um ambiente vivo e decisões permanentes, indicam que o futuro dos FPS com alma de RPG ainda está em construção — e cada vez mais próximo do que o jogador deseja: liberdade, impacto e emoção em cada disparo.

A fusão entre FPS e RPG não é apenas uma tendência de design. É uma resposta direta à evolução do perfil gamer, cada vez mais exigente e plural. Nesse cenário, títulos que oferecem profundidade sem abrir mão da ação se tornam protagonistas de uma nova fase na indústria dos jogos.

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